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  >> julho 20, 2005

toca a marchar

Pela 89.ª vez estão a decorrer os Vierdaagse, o encontro de marchas que dura quatro dias, como o nome tão bem indica. Tudo começou em 1909, com um tenente que não tinha uma playstation para brincar e então pôs soldados a marchar de toda a Holanda para se encontrarem, quatro dias depois da partida, em Breda. Algumas alterações logísticas depois, e desde 1925 que Nijmegen recebe em exclusivo o evento, que cresceu tanto que tornou-se necessário desde o ano passado limitar as inscrições a 47500 participantes. Sim, são bem mais de 50 mil as pessoas que querem fazer parte desta coisa!

E o que fazem? Marcham. Durante quatro dias, podendo escolher 30, 40 ou 50 quilómetros em cada um deles. Hoje foi a primeira etapa, que passou aqui bem pertinho logo pela manhã. Toda a cidade se mobiliza, e quem não está a marchar passa a tarde a aplaudir quem o faz, embora confortavelmente sentados em sofás ou cadeiras estrategicamente colocados uns quantos dias antes a reservar os melhores lugares. Depois há ainda os militares, que são muitos e de todo o lado: Reino Unido, Canadá, Noruega, Estados Unidos, Alemanha, França... E mesmo depois dos 40 quilómetros com uma mochila de dez quilos às costas (é assim o regulamento) lá iam todos contentes a cantar, no regresso ao acampamento que fica atrás da Universidade onde tive de ir hoje. E quando quiz atravessar a rua onde a marcha decorria? Demorei uns cinco minutos, sempre com medo de ser atropelado pela multidão em fúria e cheia de pressa de chegar ao fim.

Lá vai a marcha...

...que nunca mais acaba!

Amanhã, pelo menos os que ainda não têm muitas bolhas nos pés, lá continuarão a andar. Mas as festas, essas não param! Hoje foi o dia do fogo de artifício, numa coisa pomposamente chamada de De Waal In Vlammen ("O Waal em Chamas"). Parece-me que não têm muito disto por cá, tal modo a quantidade de pessoas que acorre à beira-rio para ver o que é anunciado como o maior espectáculo do género da Holanda. E é capaz de ser, e até são capazes de gastar o equivalente ao PIB do Burquina Faso, mas a Maria Emília em Almada faz melhor. As pessoas também dizem «aaaah!» em cada explosão, também batem palmas, e também há uma melodia trágica a acompanhar os lançamentos, e não deixa de ter a sua piada ver o fogo de artifício no rio com os grandes navios a passar e a música do Titanic como banda sonora...

O povo aguarda na ponte pelo fogo de artifício no Waal

Para acabar a noite um outro espectáculo praticamente saído da cena mais estranha do Mulholland Drive, como se tal fosse possível. Numa tenda de circo mal iluminada, um pianista dá os acordes para a entrada em cena de um alemão esquelético e bastante andrógino, que todo vestido de preto e com umas asas feitas de penas desata a cantar em jazz o "Boulevard Of Broken Dreams" dos Green Day. Depois, em estilo de cabaret, ele contou histórias, falou com o público, dedicou um poema aos pés descalços de uma rapariga, e também cantou, em francês, holandês, inglês, espanhol e alemão. Surreal.

Hora então de pegar na bicicleta e voltar para casa, que está frio e as festas acabam cedo (afinal amanhã há que marchar 30, 40 ou 50 quilómetros!).

posted by Eduardo at 00:09 |

 

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