| >> na margem errada | |||||||||||||||||||||||||||
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>> maio 25, 2005 mais um momento musical Hoje fui correr até à bomba de gasolina, mas como isso não é interessante, volto a explorar esse mundo cheio de saudade e esperança que é o da música de emigrante. Depois de "Vem Devagar Emigrante" do camarada Graciano, e de "A Bela Portuguesa" do genial Agrupamento Musical Diapasão, chega a vez de um clássico. Quem nunca se reviu neste tema não sabe o que é emigrar. A frase «vale mais um mês aqui do que um ano inteiro lá» é o lema dos compatriotas que vivem no estrangeiro. Falo, pois claro, de Dino Meira e de "Voltei, Voltei". Música de sonoridade pós-moderna, com a secção de sopros a dar um ritmo semi-tropical para enganar o incauto ouvinte, que pensa que Dino estava nas Caraíbas quando na verdade voltava voltava de França, onde ainda ontem estava mas agora já não está, porque agora está é cá. A uma certa altura ele agradece ao Senhor pelo milagre de já lhe ter passado a dor (reparem que rima), agora que já chegou a Portugal, o que não deixa de ser irónico. Passo a explicar: Dino Meira morreu há uns anos por acidente cardiovascular, mas se tivesse considerado que a dor tinha outra causa sem ser o estar longe da pátria não tinha provavelmente atrasado o diagnóstico e impossibilitado todo e qualquer tratamento. E é nestes cruzamentos entre a música popular e a medicina que eu me revejo. Descansa em paz, Dino.  Sobre o artista não há muito a dizer, até porque a informação é escassa (nem encontrei uma fotografia de jeito), elevando-o ao estado de lenda da música lusitana. Nunca será demais chamar a atenção para a bela plantação capilar do senhor, e para o facto de logo desde criança ser mal-amado devido à semelhança entre o seu nome e o de uma espécie de réptil extinta há 65 milhões de anos. «Oh Dino, faz o pino!» era uma das frases mais ouvidas no recreio da escola primária, e provavelmente a que motivou o recurso à emigração para França, já que em francês não há rima entre Dino e appui renversé.
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