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  >> abril 27, 2005

cinco (compridos) minutos...

...e outras histórias

É que eram para ser cinco, mas acabaram por ser seis os dias deste fim-de-semana prolongado passado em terras britânicas. Ainda assim parece pouco, mas alimentam já recordações de momentos muito bem passados. Os amigos lá estavam, saudáveis e contentes por nos verem. O tempo também ajudou, com o sol a dar um empurrãozinho para saír da cama depois de noitadas que nem eram muito compridas: aquele mito urbano dos bares ingleses fecharem às onze da noite afinal não é mito...

Deu tempo para ver Liverpool, onde bebi o pior café da minha vida, só desculpável pelo facto de ser no Cavern Club, o mítico bar onde os Beatles actuaram 275 vezes no início da carreira. Deu tempo para ir a uma das melhores discotecas da Europa, enorme e ruidosa, mas que encerra, tal como os bares, bem cedinho, pelas duas da manhã. Deu tempo para ir ver umas pedrinhas alinhadas, um mini-Stonehenge que faz o cromeleque dos Almendres parecer alguma coisa de jeito. Deu tempo para comer uma sopinha de couve-flor acompanhada por uma pint de Guiness no pub de uma aldeiazinha perdida nos montes do Peak District. Deu tempo para visitar a "casinha" dos duques de Devonshire, o palácio de Chatsworth, que tem uns fenomenais jardins que incluem um labirinto daqueles a sério (deu para perceber tal facto após mais de vinte minutos à procura do centro da coisa). Deu tempo para visitar os Peace Gardens e a cidade de Sheffield, debaixo de um sol primaveril quase mediterrânico. Deu tempo para um barbecue (vegetariano) em que se juntaram mais de 25 pessoas num jardim ranhoso cheio de ervas daninhas. Deu tempo para ir ao cinema ver Der Untergang, o tal filme sobre os últimos dias de Hitler no seu bunker de Berlim. Deu tempo para muita coisa... Mas deu mesmo?

Então por que é que chegámos cinco minutos atrasados ao Liverpool John Lennon Airport, com os balcões do check-in acabadinhos de fechar? Cinco minutos que nos custaram onze horas. Onze horas que equivaleram a passar uma noite no aeroporto (já vou na terceira, estou a ficar profissional). O pior era mesmo a irritante senhora a lembrar repetidamente nos altifalantes que era proibido fumar - mas quem quer saber disso às três da manhã? Fica a imagem da desolação e do vazio, sentados num banco a ver as horas a passar, antes de pegar no saco-cama para dormir um sono quase celestial, em sintonia com o slogan do pequeno aeroporto: «Above us only sky».

Quando a noite chegou ao aeroporto

posted by Eduardo at 00:25 |

 

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