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>> junho 24, 2005
anne ressuscitada
Não é o título de nenhum filme que tenha visto nos últimos dias. Foi o que aconteceu hoje na aula da tarde. A Anne estava inconsciente, e eu tive de a ressuscitar. Várias vezes, aliás, para treinar e saber repetir a técnica em alguém que não uma boneca.
A Anne é então de borracha. É loura, os olhos estão fechados e a boca está aberta. Veste um fato de treino tipicamente luso, e da barriga saem-lhe por um lado um sensor dos diversos parâmetros que são avaliados, pelo outro um papel com os mesmos parâmetros traçados como num sismógrafo, quando da realização das manobras. Depois da teoria explicada, fomos em grupos então ressuscitar a Anne. Calhou logo a mim ser o primeiro, o professor vira-se e pergunta-me o que faço. Começo a gritar: «Anne! Anne! Hoor je me?», desesperado por vê-la naquele estado, e a rapariga não responde (se respondesse é que seria bonito...). Depois seguiram-se aquelas coisas do ABC. Para o "B" dei-lhe uma sopradela (a Anne, no fundo, é uma boneca insuflável) e quase que lhe rebentei com os pulmões. O professor avisou-me que foi demais, e cá para mim penso que realmente a Anne ficaria a arrotar o ar que lhe pus dentro durante pelos menos três dias.
No final, já sem professor presente, e depois de cada um ter realizado a técnica correctamente, começou o disparate. Pusémos a Anne a dançar e a bater com a cabeça na parede. Espancámos a Anne. Atropelámo-la com cadeiras com rodinhas. Tudo situações possivelmente reais para a pôr em necessidade de suporte básico de vida. Mas a Anne não teve um final feliz. Ela viu a luz e não conseguiu escapar, e morta e com as pernas contorcionisticamente dobradas voltou para a mala de onde a haviamos tirado.
posted by Eduardo at 15:35 |
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